sábado, 1 de novembro de 2008

Ainda sobre "Precisamos falar sobre o Kevin"...


Há! Como precisamos falar sobre o Kevin, ainda...!
Não mais sobre as mortes...
Quer dizer... também sobre as mortes...

Mas, acho que, agora, precisamos falar sobre o amor.
O amor não é apenas aquilo que se cultiva quando o nosso mundo está bem,
em ordem, agradavelmente confortável e seguramente estável.
O amor é aquilo que se mantém nas trevas do silêncio,
e também durante o ensurdecedor anúncio de tudo o que é não-dito.

O amor, puramente amor,
é aquilo que fica quando não resta nada mais que o vazio.
É aquilo que não preenche espaços,
e sim esvazia-nos de nós mesmos,
de nossos egoísmos, impondo-nos um mundo de outros...

Há! Preciso falar sobre o Kevin... Sobre Eva, sobre Célia, sobre Franklin...
Sobre mim.
Talvez, sobre você também...

Chorei.
Agora posso dizer que concluí algo, e não foi apenas mais um livro...
Concluí algo que, parece, já me habitava,
mas agora é revestido de uma manta fortalecedora ainda mais quente, acolhedora:

Concluí que mesmo diante dos maiores erros que possamos cometer,
mesmo diante daquilo que nomear de erro chega a ser indecoroso,
mesmo frente ao absurdo,
somos seres capazes de re-enxergar, re-avaliar, re-perceber
tudo o que nos compõe: nós mesmos, os outros, o mundo, a vida, Deus...

Somos capazes de, demorando o tempo que precisar demorar,
re-significar-nos, construindo novos olhares,
tocando a vida com mãos mais suaves, afetuosas, até!
A dor que causamos a outros, iludi-se quem pensa o contrário,
também nos causará dor... não importa se será 2 minutos depois... ou 2 anos.

Somos incrivelmente surpreendentes.
E belos.
Quero acreditar nisto.
Por hoje, acredito.
E só eu sei quanto estou feliz com isto!

Natalie S. Dowsley.

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