segunda-feira, 4 de junho de 2012

O choro das velas



No escuro medonho que habita
Algumas vezes a alma humana
Arde o fogo, brando e suave,
Da chama da vida.

Quando a penumbra toma para si
O espírito livre que compõe o homem
A força e inquietude parecem adormecer
Mas permanecem acesas e queimando.

E é justamente nos dias nebulosos
Que a chama da vela que há dentro
De tudo o que é vivo e está vivo
Põe-se a chorar e revelar.

Quando a vela queima, no bréu,
Muitas vezes tem-se a impressão
De que predomina a noite
E que a vida cessou, por um instante,
Até recuperar a luz em sua plenitude.

Engano.

Quando a escuridão se instala
As velas assumem o destaque
Atuando, com intensidade,
Em prol do que é saudável, do que é vida.

Quando as velas choram,
Derramando lágrimas de parafina,
Estão iluminando o que é assustador
E fortalecendo o espírito para a superação.

Por isso que é errôneo crer que
Quando habita o caos
E a vela começa a arder
A doença dominou e a vida pôs-se em segundo plano.

As gotas das velas são a prova
De que a vida permanece, mesmo obscurecida,
Mantendo como meta a felicidade,
A plenitude, a vitória sobre a miséria.

O choro das velas ilumina a riqueza
Que habita cada ser, em potencial.
A escuridão é apenas a fagulha
Que, ironicamente, faz desabrochar a luz.

Do caos brota não a ordem
Mas a imperfeita,
Incompleta e inexplicável
Força da vida.

Natalie S. Dowsley
Outubro/2008