domingo, 2 de novembro de 2008

Inflorescência

Pétala por pétala
Retirei tuas defesas
Encontrei o centro de tudo,
a verdadeira flor na sua inflorescência.

Lá, encontrei a verdade contida
Tudo o que eu já sabia, mas você, ainda não.
Encontrei nosso amor
e as sementes de um futuro abortado.

O aroma! Há!, o aroma!...
Tinha teu cheiro e o meu,
nosso suor.
Tinha o cheiro do amor, do sol, da vida!

Toquei cada pedacinho de céu
Abracei cada sombra de você
com a mesma intensidade e imensidão
que vive em meu olhar, quando fita os seus.

Mergulhei no azul infinito e escuro
conhecidamente misterioso
que é o teu coração.
Nadei para me salvar.

Enganei-me achando que nosso amor me protegeria.
Nosso amor sempre foi denso demais,
pesado demais,
intenso demais...

Afundei.
E no fundo de algo que não sei o quê
encontrei apenas solidão, medo, dor.
Entendi.

Quase ao fim de mim mesma
senti tuas mãos em minha cintura
puxando-me com ternura e força
como pedindo um abraço meu.

Salva do teu eu sombrio
conheci nossa história,
reconheci nossos limites,
compreendi o fim de algo nunca iniciado.

Seu passado, tão presente,
é nosso, inexplicavelmente... obviamente.
Você é o que já foi.
E nós somos o que nunca seremos.

Toquei suas lágrimas com um beijo
E sequei a seriedade em tua face.
Ofereci, a nós dois, sorrisos verdadeiros
e certezas de que nosso amor é real.

Como presente, ofereci meu diário, meus segredos.
Contei, como se conta uma história irreal,
sobre nosso amor surreal,
e te expliquei porquê...

Nós não seríamos um, jamais
porque já somos, e sempre seremos.
Mas somos um quando separados.
Juntos, nossos medos e lagos mortos obscurecem nossos desejos.
Ficamos fracos.

Juntos, somos metades em busca de perfeição.
Longe, somos inteiros, completos numa imensidão.

Por isso te digo, com uma gota de pesar
que ainda teima em escorrer em minha face:
seremos sempre um,
distanciados por uma barreira transparente e saudável.

Assim, seremos nós, verdadeiramente
Felizes, completos e inflorescentes
Protegidos por nossas pétalas,
que são meramente folhagens bonitas...

Natalie S. Dowsley.

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