domingo, 2 de novembro de 2008

Outono


Será que mereço o que sou?
Ou será que mereço ser o que não sou?
Questiono-te sobre isto incessantemente.
Mas ainda aguardo a resposta...

Contaram-me, ontem, que ouviram você me falar.
Disseram que, diante do mar,
as ondas gritaram meu nome
e diziam-me aromas de amor.
Eu não ouvi...

Acho que ando perdida,
escondida por entre árvores e galhos,
buscando flores em meio ao outono.
Acho que não ando...

Parece que parei, sentada no tempo,
no ponteiro de um relógio
que não marca mais nada...
há muito tempo...

Mas me disseram, novamente,
que ouviram tua voz me contar
que escuta meus pedidos, que sente minha gratidão,
todas as vezes que o vento corta o meu rosto,
libertando meus cabelos ao céu.

Olhei para o ar, real e invisível,
mas não enxerguei você.
Acho que alguém está enganado...
Será que sou eu? Será que é outrem?
Não sei...

Vou te confessar que lembrei muito de você
Hoje, quando caminhava e o sol impedia minha visão.
Lembrei dos nossos desencontros,
naquelas noites em que me perdi de mim mesma.

Lembrei dos nossos encontros,
em meu espelho, no dia seguinte:
você, banhado por minhas lágrimas;
eu, perdida em meus pensamentos...

Vou te contar que entendi.
Você e eu somos um.
Por isso que não consigo te ver, agora,
porque não enxergo mais a mim.

Não posso te ouvir, inteiramente,
porque não consigo nem mesmo sentir
o pulsar do meu coração,
a minha respiração ofegante,
os meus pensamentos e sonhos adormecidos.

Agora que posso perceber e sentir tudo isto
Quero te revelar o quanto amo:
a mim mesma, à minha vida.
Obrigada por você fazer parte de mim, sempre
e por me dizer que sou aquilo que sou,
e serei bela e amada, eternamente.

Natalie S. Dowsley.

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