quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Oferto-te meu dedo, ó verde!

Acontece com algumas pessoas:
um belo dia, comum
como outro dia qualquer,
uma parte de si sinaliza
que é vivo e tem vida
disponível pra ofertar ao mundo.

O sinal pode surgir
durante um sonho, indecifrável;
durante uma caminhada, cansaço;
ou diante de um dedo verde...
espanto!

O verde, esperançoso,
avisa que chegou para ficar:
já é sinal de maturação,
e não haverá mudanças de tonalidade.
O maduro será, como é, verde.

E a pessoa, amedrontada,
aponta o verde do dedo
pra a alma funda,
pergunta:
"Que faço contigo,
meu dedo em feitiço?"

O dedo silencia ao coração.
O corpo se conduz pelo ser,
paixão,
e ambos são guiados pela magia,
em direção àonde o vento levar...

O menino aponta a fé
em minha direção.
Silêncio.
Flores brotam do meu estômago,
absurdo!
E eu sorrio como nunca:
cócegas!

Todos vêem e alegram-se também,
e o dedo verde se levanta, confiante,
e dispara gases lacrimogêneos...
força que nos faz chorar
de tanto sorrir.

O dedo verde embeleza minha alma,
o hospital, o presídio,
o bem, o mal.
O dedo verde ensina mais do que pretende,
e cura mais do que imagina.

E o menino, outrora rico,
ganha da vida o dedo-esperança
e oferece ao mundo toda a sua maior riqueza,
tornando-se uma pessoa ainda mais rica, afinal.

 Natalie S. Dowsley
(Sobre o livro "O menino do dedo verde", de Maurice Druon)

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