quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ariadne

Ariadne sabia
Do caminho tortuoso
Que por ele esperava:
Mesmo assim,
Ariadne o esperou.

Ela sabia que a estrada,
Longa e atormentada,
Que Teseu experimentava,
Poderia machucá-lo...
E, talvez, até nem devolvê-lo, inteiro.

À porta da caverna escura,
Com as mãos em oração e reserva,
Segurando o fio invisível
Que garantia a sobrevivência dele,
Ariadne contava as lágrimas da morte iminente.

Teseu arriscara tudo
Quando resolveu mergulhar
Naquele mundo desconhecido,
Habitado por monstros muito maiores
Que Minotauros...

Contudo, arriscar-se era necessário.
Ele precisava descobrir o que havia
Ali dentro
Que tanto amedrontava homens...
Ali dentro... deles mesmos.

Afundou, adentrou naquele caos.
Encontrou-se com seus mortos.
Sepultou as fantasias sobre os monstros da caverna.
Recobrou sua sanidade.
Retornou, plenamente.

Não deixou muita coisa.
Mas levou tantas outras!
Limpou o que era preciso,
Abandonou o que não tinha sentido...
E voltou, unido ao frágil fio da vida.

Ariadne, ser de força e determinação,
O esperava, escondendo a face de dor,
Pondo a máscara da certeza de que tudo daria certo.
Ela sabia que era preciso.
E, precisamente, seguiram, mãos dadas, rumo à vida.


Natalie S. Dowsley

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