domingo, 21 de setembro de 2008

Doação


Quando morrer
quero que, o que ainda servir,
seja oferecido a quem desejar,
para que partes de mim
tenham uma serventia melhor
do que apenas metamorfosear-se
em adubo.

Quando meu corpo cansar
de lutar contra minha companheira
de vida, a morte,
espero que meus olhos possam enxergar,
através de outras órbitas,
novos sonhos.

Quero que meu coração
pulse um pouco mais
no peito de alguém que
queira amar
e que, amando,
viva cada dia mais, melhor.

Espero que meus rins possam
continuar filtrando
a raiva, a tristeza, as mágoas,
limpando outros sangues,
outros corpos,
outras vidas.

Enquanto viva,
ofereço o que posso
daquilo que meu corpo me dá;
o sangue que não me falta,
a medula que se regenera...

Ofereço-me, em partes
vivas,
na esperança de que,
unidas em novos corpos,
estas partes sejam um todo,
integralmente saudável
e potencialmente feliz.

Natalie Dowsley.

Obs.: O HEMOPE ESTÁ INICIANDO OS CADASTROS DE POSSÍVEIS DOADORES DE MEDULA ÓSSEA. QUEM SE INTERESSAR, PODE LIGAR PARA: 0800 811 535.

Um comentário:

david santos disse...

Olá, Natalie!
Lindo, lindo e lindo.
Então a conjugação imagem-poema está espectacular.
Parabéns.