quarta-feira, 5 de agosto de 2009

VOCÊ ESTÁ DESPEDIDO!!!

EMPATIA.
Capacidade de colocar-se no lugar do outro, buscando compreender seus sentimentos, pensamentos, comportamentos.

Em um artigo interessante, Eugenio C. Mussak afirma: "Os livros nos informam que empatia é uma condição psicológica que permite a uma pessoa sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstância experimentada por outra pessoa. E é isso mesmo. Ver o mundo com os olhos de nosso interlocutor."

A empatia é um elemento interessantíssimo, que faria enorme diferença caso fosse mais utilizado, bem empregado... O mundo seria, sem dúvidas, mais ameno, menos denso... mais colorido e suave.

Vejamos o que Stephen Kanitz nos fala a respeito da importância de nos colocarmos no lugar do outro:

"Você é diretor de uma indústria de geladeiras. O mercado vai de vento em popa e a diretoria decidiu duplicar o tamanho da fábrica. No meio da construção, os economistas americanos prevêem uma recessão, com grande alarde na imprensa. A diretoria da empresa, já com um fluxo de caixa apertado, decide, pelo sim, pelo não, economizar 20 milhões de dólares.
Sua missão é determinar onde e como realizar esse corte nas despesas.
Esse é o resumo de um dos muitos estudos de caso que tive para resolver no mestrado de administração, que me marcou e merece ser relatado o professor chamou um colega ao lado para começar a discussão. O primeiro tem sempre a obrigação de trazer à tona as questões mais relevantes, apontar as variáveis críticas, separar o joio do trigo e apresentar um início de solução. "Antes de mais nada, eu mandaria embora 620 funcionários não essenciais, economizando 12 200 000 dólares. Postergaria, por seis meses os gastos com propaganda, porque nossa marca é muito forte. Cancelaria nossos programas de treinamento por um ano, já que estaremos em compasso de espera. Finalmente, cortaria 95% de nossos projetos sociais, afinal nossa sobrevivência vem em primeiro lugar". É exatamente isso que as empresas brasileiras estão fazendo neste momento, muitas até premiadas por sua "responsabilidade social". Terminada a exposição, o professor se dirigiu ao meu colega e disse: -Levante-se e saia da sala.
-Desculpe, professor, eu não entendi - disse John, meio aflito.
-Eu disse para sair desta sala e nunca mais voltar. Eu disse: PARA FORA! Nunca mais ponha os pés aqui em Harvard.
Ficamos todos boquiabertos e com os cabelos em pé. Nem um suspiro. Meu colega começou a soluçar e, cabisbaixo, se preparou para deixar a sala. O silêncio era sepulcral.
Quando estava prestes a sair, o professor fez seu último comentário:
- Agora vocês sabem o que é ser despedido. Ser despedido sem mostrar nenhuma deficiência ou incompetência, mas simplesmente porque um bando de prima-donas em Washington meteu medo em todo mundo. Nunca mais na vida despeçam funcionários como primeira opção. Despedir gente é sempre a última alternativa.
Aquela aula foi uma lição e tanto. É fácil despedir 620 funcionários como se fossem simples linhas de uma planilha eletrônica, sem ter de olhar cara a cara para as pessoas demitidas. É fácil sair nos jornais prevendo o fim da economia ou aumentar as taxas de juros para 25% quando não é você quem tem de despedir milhares de funcionários nem pagar pelas conseqüências. Economistas, pelo jeito, nunca chegam a estudar casos como esse nos cursos de política monetária. Se você decidiu reduzir seus gastos familiares "só para se garantir", também estará despedindo pessoas e gerando uma recessão. Se todas as empresas e famílias cortarem seus gastos a cada previsão de crise, criaremos crises de fato, com mais desemprego e mais recessão. A solução para crises é reservas e poupança, poupança previamente acumulada. O correto é poupar e fazer reservas públicas e privadas, nos anos de vacas gordas para não ter de despedir pessoas nem reduzir gastos nos anos de vacas magras, conselho milenar. Poupar e fazer caixa no meio da crise é dar um tiro no pé.
Demitir funcionários contratados a dedo, talentos do presente e do futuro, é suicídio. Se todos constituíssem reservas, inclusive o governo, ninguém precisaria ficar apavorado, e manteríamos o padrão de vida, sem cortar despesas. Se a crise for maior que as reservas, aí não terá jeito, a não ser apertar o cinto, sem esquecer aquela memorável lição: na hora de reduzir custos, os seres humanos vêm em último lugar."

Stephen Kanitz
Artigo publicado na Revista Veja, edição 1726, ano 34, nº45, 14 de novembro de 2001.

4 comentários:

Newton Kage disse...

Sobre o colocar-se no lugar dos outros:

Sabe, comecei a ver a vida de um modo diferente; não fiquei frio, tampouco frouxo, mas comecei a reagir com mais neutralidade os fatos cotidianos. Hoje vejo as coisas de um modo diferente: creio tanto no destino de cada um, que me acostumei a crer que tudo o que acontece com cada um de nós se deve a um desígnio Maior. Assim, ao invés de simplesmente chorar ou ignorar as angústias e os sofrimentos alheios, comecei a observá-los, a senti-los, tentando entender seus significados e o que a vida quer mostrar.

Sei que isso – creio – não tem a ver com individualismo; tem com o crer na possibilidade de crescimento de quem passa por alguma dificuldade. Mas, isso, às vezes, irrita a mim mesmo, pois sou humano e também tenho emoções... Às vezes, é difícil se ver firme, quando todo mundo chora! Ou, de sentir a dor alheia, enquanto a maioria se cala!

Talvez, tudo isso seja a tal da “empatia”, ou, mais sublimemente falando, da: “compaixão”.
Mas, confesso, é difícil e ainda não compreendi a real magnitude desse modo de ver/sentir as coisas; reajo de uma forma ou de outra, talvez por não estar na pele de quem passa pela provação. Talvez seja tudo isso uma preparação...


Natalie, muito oportuno o texto! Colocando-se no lugar dos outros, realmente acredito que teríamos um mundo um pouco melhor, pois sempre pairaria a seguinte pergunta: “E se fosse comigo?”...

Bj

N.T. disse...

Olá, moça quanto tempo não nos vemos por aqui, hein?

Muito bacana seu post!
abraço

Juli =) disse...

Olá. Adorei o exemplo. Até para entender o que significam números em planilhas, primeiro é preciso saber sentir, não é?

Um abraço,
Juli =)

Eugênio C. Brito disse...

As empresas lhidam muito bem com numerosd,mas não sbem lhidas com gente ainda?que coisa ...