sexta-feira, 1 de maio de 2009

O amor é a base para tudo o que há de bom...

"Por isso eu pergunto
A você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta."

(Marisa Monte - Gentileza)

A sabedoria está muito além das palavras, teorias, filosofias... tão além que parece desnecessário se apronfundar sobre isso...
Estudei muitos anos para ser psicóloga, mas foram nos momentos em que eu estava só, com meus clientes - dois deles, em especial... - que aprendi a maior de todas as lições: o principal elemento para que aquele nosso encontro desse certo não estava descrito nos principais livros nem nas aulas que assisti... O principal elemento já me habitava, mas eu não sabia que ele seria o meu melhor guia, meu mais forte guru.
Esse "ingrediente" é, simplesmente, o amor.

É ele que nos orienta em direção ao caminho certo, à estrada que nos levará ao verdadeiro encontro com o outro. Quando o amor não é nosso guia, apenas as teorias e "sabedorias", tendemos a nos afastar do outro... atrapalhamos nossa própria tarefa... nos perdemos um do outro.

Quando permitimos que o amor seja o guia, nosso poder de fazer o bem eclode, e ele nos mobiliza para frente, com a força da tendência atualizante que Rogers falava...
E quando pessoas se unem, envoltas pelo amor mútuo e sereno, cheio de verdade e bondade, brotam batatas, morangos, cerejas, flores...!!! Brotará qualquer coisa, o que se quiser! Porque a terra do amor é fértil, dela nasce tudo o que se desejar.
E um grupo, baseado no amor, que busca um apoio e cuidado de uns para com os outros, pode ser chamado de outra coisa que não seja terapêutico?

A esses grupos, alguns sem pretensões psicoterapêuticas mas cheios de poder terapêuticos, Rogers chamou de grupos de encontro. Esses grupos são baseados no respeito, na liberdade e no amor, e defendem, por exemplo:
- que não existe um líder "eterno": cada pessoa do grupo pode assumir o papel de "líder", desde que esteja sentindo vontade de fazer isso;
- não existem temas ou programações preestabelecidas; os assuntos são decididos na hora e pelo grupo;
- o "líder" não decide a programação do grupo nem escolhe o caminho; ele deve ser como os sherpas, que conduzem os viajantes pelas montanhas do Himalaia, mas os conduzem pelos caminhos que estes decidem seguir, e sempre no ritmo e necessidade do viajante...
O bom líder, o bom sherpa, não impõe suas vontades, ele observa as suas necessidades e as do grupo, buscando chegar a um consenso que leve a todos, juntos, até o mais alto possível das montanhas e da "iluminação" desejada;
- com o passar do tempo, o grupo aprende a valorizar a espontaneidade do conjunto, descobrindo/confiando mais no poder de superação de cada membro, assim como do grupo como um todo.

Os grupos de encontro não exigem um setting terapêutico estereotipadamente definido; podem acontecer na sala de casa, na mesa de um bar, no hall de um hotel, no corredor da escola...
O que caracteriza o grupo não é o local, mas sim o comprometimento de todos com o grupo e o respeito e cuidado coletivo.
Por isso que é lindo de ver quando um agrupamento de pessoas deixa de ser apenas isso... para se transformar num verdadeiro grupo, repleto de sabedoria e amor.

(Para Silvinha, que tem se mostrado uma verdadeira sherpa! =)

Natalie S. Dowsley.

p.s.: Carl Rogers foi um psicólogo que contribuiu bastante não apenas para a psicologia, mas também para a pedagogia. Quem se interessar, indico os livros:
ROGERS, Carl Ransom. Sobre o poder pessoal. São Paulo: Martins Fontes, 1978.
ROGERS, Carl Ransom. Tornar-se pessoa. Lisboa: Moraes Editores, 1970.
ROGERS, Carl Ransom. Um jeito de ser. São Paulo: EPU, 1983.

Um comentário:

Patrícia disse...

AH!! QUE LINDOOO!! :) A amizade de vcs é linda, sempre foi!!