segunda-feira, 27 de abril de 2009

Existencialismo

Por que não devo ultrapassar o sinal vermelho, dirigir alcoolizado, fazer ultrapassagens perigosas e em alta velocidade???!!!

As respostas parecem óbvias pra você?! Pois saiba que, indiretamente, Jean-Paul Sartre falou sobre isso.
Não sobre o trânsito e suas leis; falou sobre a responsabilidade humana sobre seus atos.

No livro O Existencialismo é um Humanismo (SP: Nova Cultural, 1987), Sartre fala:
"(...) escolhendo-me, escolho o homem." (p.07)
Cabe ainda citar a célebre frase do filósofo:
"O que importa não é o que fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele."
Quando escolho ser o que sou, quando decido quais serão minhas atitudes frente ao mundo, estou, também, escolhendo não apenas o que sou, mas o que quero que os demais sejam.

Parece estranho pra você?
Mas, não é tanto assim... Pense comigo e com Sartre:
"(...) certamente muitos pensam que, ao agir, estão apenas engajando a si próprios e, quando se lhes pergunta: mas se todos fizessem o mesmo?, eles encolhem os ombros e respondem: nem todos fazem o mesmo. Porém, na verdade, devemos sempre perguntarmos: o que aconteceria se todo mundo fizesse como nós?(...)." (p.07)

É por isso que Sartre considera o homem um ser "(...) condenado a ser livre" (p.09).
Mesmo que não queira, o homem precisa fazer escolhas, tomar decisões, determinar seu caminho - até mesmo quando se isenta de escolhas, o homem está escolhendo...
Essa sua liberdade o caracteriza e impõe-lhe responsabilidades.
E mais: o que escolho pra mim está intimamente ligado ao que escolho para o outro.
Se desejo para mim uma vida livre de algemas, de preconceitos, de julgamentos, preciso, também, compreender que concomitantemente estou desejando o mesmo para os demais.

Claro que Sartre sabe que o meio, o contexto, as pessoas que nos cercam, influenciam nas nossas escolhas, nas nossas possibilidades; porém, ainda assim, temos a liberdade de escolher, de decidir, diante das limitações que, por ora, aprisionam.

Sócrates escolheu ser filósofo; depois, escolheu continuar divulgando suas idéias, mesmo ameaçado de morte; em seguida, escolheu aceitar sua condenação à morte, ao invés de tentar fugir ou pedir perdão e negar seus pensamentos - que iam de encontro às idéias que se pregavam então.
Ele podia ter tido uma vida bem diferente; em especial, uma morte bem diferente. Porém, fez estas escolhas e, assim, escolheu também o homem que desejava ver nos olhos da humanidade: pessoas que não se curvam diante de ameaças, quando sabem que não estão falando/pensando/fazendo nada de "mal", apenas o que pensam, o que acreditam.
Sócrates impôs sua liberdade, mesmo quando estava preso e ingeriu cicuta.

Sartre nos revela, nessa obra, o poder que existe em minhas escolhas, desde as "pequenas" - dirigir em alta velocidade? - até as maiores - matar?
Escolho para mim aquilo que escolho para o outro. E isso é responsabilidade minha, sua; e é uma grande responsabilidade!

"Vimos, portanto, que ele - o existencialismo - não pode ser considerado como uma filosofia do quietismo, já que define o homem pela ação; nem como uma descrição pessimista do homem: não existe doutrina mais otimista, visto que o destino do homem está em suas próprias mãos; nem como uma tentativa para desecorajar o homem de agir: o existencialismo diz-lhe que a única esperança está em sua ação e que só o ato permite ao homem viver." (p.15)

Natalie S. Dowsley

Um comentário:

Nicholas Gimenes disse...

F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O Natalie!!!!!! =D

bjos e ótima semana! :)