quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Resposta II

Transparente demais
Entregue demais.
A intensidade é o meu grande desafio.

Encontrar a medida para o que não se pode mensurar;
conter rios que ousam desafiar o mar;
calar diante do que se deseja gritar;
ter que falar quando há mais prazer em somente escutar.

Há a necessidade, cada vez mais pungente e clara,
de que a vida em mim seja contida.
Soltar os grilhões do que se é e do que se tem
é possibilitar-se viver com intensidade...
Intensidade tal que fere, despedaça, mata.

Morre-se não apenas o que se desejou.
Morre-se parte da espontaneidade, parte da fé no que é autêntico, puro, natural.
Morre-se a liberdade, pedra preciosa do que é humano.
Porque impôr limites aos sentimentos e à entrega é poldar o que há de belo...
mas é também preservar-se íntegro... ou não...

Valerá à pena ou será possível preservar-se íntegro não sendo inteiro no que se vive?
Haverá sentido em dar-se em parte e sofrer a dúvida do que poderia ter sido se a doação fosse total?

Sei apenas que meu coração calou-se frente ao ouvido
Não por discordar do que fora dito
Mas somente por querer ser alvo de afeto,
de um afeto antes conhecido.

O corpo busca o equilíbrio, a homeostase,
ainda que em fontes inadequadas ou incapazes.
Caberá a quem fica - face a face com o oco que habita -
conter-se no desejo de se preencher.

Há mais beleza na solidão do que posso enxergar, hoje, em minha pouca sabedoria.

Natalie S. Dowsley

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