
Gritos ecoados no peito: Silêncio
Não me peças para falar,
Não me condenes por calar.
Compreenda a dor da criança que fui.
Perdido em meio ao sofrimento
Fecho os olhos para não ver mais
Aquele rosto, aquele sentimento.
Tapo a boca para não dizer o que envergonha
Me fecho em concha para não magoar.
O que passou dói em mim
Mas doeria mas em quem deveria ter cuidado da criança que me habitava.
Eu quis poupar-lhes disso.
Erro meu.
Grave erro!
Tremo ao pensar que outras crianças podem ter
Se perdido em meio àquela loucura, àquela doença.
Tremo ao saber que poderia ter evitado algo mais
Que tenha vindo a acontecer.
Mas eu era somente uma criança...
Não era o adulto que sou, agora:
Forte, decidido, maduro, confiante.
Perdôo-me por calar
E peço que me perdoes também.
Acolhe a minha dor, agora,
E luta comigo para que isso não volte a acontecer.
Ajuda-me a proteger outras crianças.
Mantenha-se atento àquelas que estão ao seu redor
E, na dúvida, denuncie.
As crianças agradecem...inclusive a que um dia me habitara.