domingo, 27 de junho de 2010

Somos Seres Incompletos

Se há algo em nós que é comum, que vive em todos e não se questiona é a nossa essência incompleta.

Não há um ser humano que sinta-se pleno em suas necessidades, que compreenda-se integralmente satisfeito e saciado, que não guarde em si um - ou vários! - desejo de algo mais.

Essa incompletude, no entato, não significa que todos vivem em busca da conquista desses desejos ainda não alcançados...

Há, antes de tudo, uma outra característica - neste caso, comum a tudo no mundo - que antecede à que me refiro neste texto: somos seres únicos e complexamente diferentes uns dos outros.

Por sermos, então, tão diferentes entre nós, são diferentes, também, nossas reações diante de nossas frustrações, frente às nossas "ausências".

Uns, diante do desejo do que não possuem, sonham, planejam, lutam, se engajam e cometem loucuras em busca do desejado, com a ânsia dos grandes deuses-guerreiros do Monte Olimpo.

Outros, desprovidos de grandes ambições, acomodam esses desejos dentro de si mesmos, em um espaço destinado àquilo que se olha com uma saudade imensa de algo bom que nunca se teve... e assim vivem, tranquilos com aquilo que já possuem e com os desejos engaiolados no coração.

Não existe, obviamente, a melhor maneira ou a mais "correta" - certo ou errado é algo infinitamente relativo!!! - de vivermos nossas inquietudes, nossas incompletudes. Cada um é que sabe "onde o calo aperta" e se o momento é de "lutar e correr atrás", movido pela ambição e paixão, ou se é tempo de calmaria e mansidão, acomodando-se com o que já é possuído.

O fato é que somos seres incompletos. E precisamos ter plena consciência disso, pois este é um dos grandes sentimentos que nos movem em vida, que direcionam nossas escolhas, que dão rumo às nossas ações.

Desejo por um emprego que pague um salário melhor - mesmo quando já se tem uma boa remuneração e um bom trabalho -; desejo por um companheiro mais carinhoso, quando estamos com uma pessoa mais "fria" porém inteligente, de "bom papo"; desejo por uma companhia de conversa mais agradável, mais "amiga", quando reina na relação atitudes mais "apaixonadas", impetuosas...

Somos, enfim, seres de busca que, ocasionalmente (para alguns este "ocasional" é quase uma constante!), vivem em busca de completar seus espaços vazios. O perigo está na forma como buscamos supri-los.

É extremamente triste, pelo menos pra mim, ver pessoas tentando encher seus espaços ocos com paixões fugazes, traindo companheiros que estão se sentindo completos e preenchidos com o outro - ou, ao menos, estão suprindo suas incompletudes sem traições ou mentiras.

É triste ver pessoas furtando dinheiro ou bens de outros, simplesmente para poder viver uma vida com mais conforto, luxo, prazeres, poderes... (como alguns dos nossos políticos, especialistas em meias, cuecas, bolsas e programas governamentais que se dizem para "aceleração do crescimento", que desviam grandes quantias, com as desculpas mais esfarrapadas possíveis...).

Nesses momentos fico triste ao ver que o ser humano é tão igual mas, concomitantemente, tão divergente em suas atitudes, tão capaz de escolhas desleais e injustas.

Não condeno ninguém. Cada um sabe e é responsável por aquilo que escolhe. Como diria o sábio Sartre: "Só e sem desculpas, o homem está condenado a ser livre".

Na ação inevitável de exercer esta minha liberdade, permito-me, no entanto, fazer minhas escolhas, e elas, involuntarialmente, agem como julgamentos, que constrõem para mim noções de "certo" ou "errado", que conduzem meus passos. E aqui, compartilho minhas escolhas, na certeza de que tudo é relativo, de que traições podem ser, em alguns casos, a escolha mais acertada para aquele momento específico, que furtos podem ter uma justificativa altruísta e válida... e que o mundo não é redondo nem perfeito, e mesmo assim continua girando em sua rota com a perfeição possível e necessária.

Natalie S. Dowsley

Um comentário:

marcela disse...

é de narnia sim ^^
a letra é linda né? e a voz de regina spektor... nem comento! HAHA