sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sábias Palavras!

















Adoção por casais homossexuais
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Condição básica de uma boa educação: o pai não pode querer que o filho seja um clone seu

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CONTARDO CALLIGARIS
(Folha de S.Paulo - 13/05/2010)



"NA SEMANA retrasada, por unanimidade, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu que casais homossexuais têm o direito de adotar.
Claro, duas mulheres ou dois homens já podiam criar juntos uma criança adotada por um dos membros do casal. Agora, eles poderão compartilhar legalmente a responsabilidade da adoção.
O ministro João Otávio de Noronha declarou que a decisão do tribunal foi guiada pelo princípio de atender ao interesse do menor. No debate a favor ou contra a adoção de crianças por casais homossexuais, todos afirmam, aliás, opinar e agir no interesse dos menores.
A primeira questão nesse debate, portanto, é a seguinte: crianças criadas e educadas por um casal homossexual (feminino ou masculino) sofrem de dificuldades específicas?
Seu desenvolvimento afetivo, intelectual e sexual é diferente do das crianças de casais heterossexuais?
Como disse, faz décadas que, mundo afora, casais homossexuais já criam filhos, naturais e adotivos. E faz décadas que psicólogos, médicos e assistentes sociais pesquisam esses casais e seus rebentos.
O resultado é inequívoco e aparece num documento de 2007, endereçado à Corte Suprema da Califórnia pela American Psychological Association, a American Psychiatric Association e a National Association of Social Workers, ou seja, pelas três grandes associações dos profissionais da saúde mental dos Estados Unidos (psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais).
Esse texto, de 72 páginas, apresentando uma ampla bibliografia de pesquisas, afirma que "homens gay e lésbicas formam relações estáveis e com compromisso recíproco, que são essencialmente equivalentes a relações heterossexuais" (III, A), e que "não existe base científica para concluir que pais homossexuais sejam, em qualquer medida, menos preparados ou capazes do que pais heterossexuais ou que as crianças de pais homossexuais sejam, em qualquer medida, menos psicologicamente saudáveis ou menos bem adaptadas" (IV, B).
Ora, tramitam na Câmara dos Deputados dois projetos contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça, um do deputado evangélico Zequinha Marinho (PSC-PA) e outro do deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL). Visto que não dá mais para dizer que pais homossexuais sejam nocivos para suas crianças, os projetos se preocupam com o constrangimento das crianças diante dos colegas. Na escola, vão zombar de filho de homossexual. Para evitar esse vexame, melhor proibir a adoção por casais homossexuais.
Pois é, na mesma escola, também vão zombar de negros e de pobres.
Vamos impedir negro e pobre de ter filhos? O cômico é que, no Brasil, o filho de homossexual pode ser objeto de zombaria, mas essa zombaria não se compara com o que pode acontecer com filho de deputado.
Esperando que a reputação da classe política melhore e sentindo sinceramente pelos deputados honestos, no espírito dos projetos Marinho e Calheiros, acho bom proibir também a adoção de crianças por deputados federais e estaduais.
Brincadeira à parte, na nossa cultura, a condição básica de uma educação que não seja demasiado danosa é: os pais não devem querer que os filhos sejam seus clones.
Quando desejamos que nossos filhos sejam a cópia da gente, é para encarregá-los de compensar nossas frustrações: quero um filho igual a mim para que tenha o sucesso que eu não tive ou para que viva segundo regras que eu proclamo, mas nunca consegui observar. Pois bem, para criar e educar no interesse dos menores, é necessário fazer o luto dessas esperanças, que tornam as crianças escravas de nossos devaneios narcisistas.
Agora, a percentagem de homossexuais entre os filhos de casais homossexuais é igual à da média da população, se não menor. Ou seja, aparentemente, os homossexuais não têm a ambição de ver seus filhos se engajar na mesma "preferência" sexual que lhes coube na vida.
Em compensação, quem gosta mesmo de filho-clone são todos os fundamentalistas. É quase uma definição, aliás: fundamentalista é quem quer filhos tão fundamentalistas quanto ele.
Uma conclusão coerente seria: o interesse das crianças permite que elas sejam adotadas (e, portanto, criadas e educadas) por pais homossexuais e pede que a adoção seja proibida aos pais fundamentalistas evangélicos, por exemplo.
Serviço. Para ler o documento de 2007, acesse tinyurl.com/docpsi


ccalligari@uol.com.br "

Texto extremamente sábio e polidamente incisivo, como um bom texto precisa ser!
Palmas ao autor, Contardo Calligaris!

E que possamos, nós todos, refletirmos sobre as cobranças que impomos às nossas crianças, baseadas meramente em nosso narcísico desejo de nos ver, espelhos, através de nossos filhos; e que possamos, ainda, ensinar nossas crianças a, autônomamente, construírem suas próprias visões de mundo, livres de pré-conceitos e opiniões arbitrárias e discriminatórias.

Viva às diferenças!
Viva à liberdade!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

As eleições estão chegando...

















As eleições estão batendo às nossas portas.
Os discurssos são sempre os mesmos... mas as mudanças ainda são minha esperança (desde a 1ª vitória do presidente -sindicalista que ganhara minha torcida desde cedo, quando disputou com Collor...).
Não sei ainda em quem votar, só tenho uma certeza:
não será, jamais, na candidata e seu presidente que, juntos, encobrem corruptos e manipulam pessoas em massa, a seu favor, e que, num discurso incoerente de defesa à honestidade, fazem uso dos eventos e propagandas governamentais para fazer campanha eleitoral antecipadíssima, dando provas "homéricas" de suas desonestidades.
Se não sabe jogar sem roubar, caramba, num joga!

Sobre o assunto, um texto do grande Cony:

O pão e o circo
Carlos Heitor Cony
(Folha de S.Paulo - 13/05/2010)

"RIO DE JANEIRO - Continuo desmotivado em matéria de eleições, inclusive a sucessão presidencial. Acho sacais as entrevistas, análises e pesquisas que entopem os chamados veículos de comunicação: TV, jornais e revistas. E agora a internet. Uns pelos outros, dão mais palpites do que informações.
Em linhas gerais, há centenas de candidatos a isso ou àquilo, que procuram alianças e apoios, sobretudo procuram financiamentos para quando chegar a hora de botar o bloco na rua. Chamam de "palanque" o resultado dos acordos e perspectivas. É a rotina que mais uma vez prevalecerá.
Esta rotina nada tem a ver com a ideologia, o partido, o passado, o presente e o futuro dos candidatos. A TV -pautando a imprensa escrita e falada- será o palco e o tribunal definitivo da luta eleitoral. Quem se sair bem do ponto de vista da massa ganhará as batatas.
Evidente que os produtores, marqueteiros, conselheiros disso e daquilo e até os iluminadores e maquiadores serão peças importantes neste autêntico "big brother" programado para outubro próximo.
Teremos a maratona que desfilará pela TV falando em bons costumes, em pleno emprego, em liberdade de expressão, em justiça, em honestidade -de certo modo, todos falarão a mesma coisa, mas o eleitor de hoje é, em essência, um telespectador que deseja participar do show.
A TV, por sua natureza, transforma tudo em espetáculo. Não importa o que seja dito ou prometido. Muito menos importará se o candidato é confiável ou não. Haverá tempo para a implantação da ficha limpa? Tudo dependerá da produção, daquilo que se chama "química" entre o ator e a plateia.
O próximo presidente do Brasil será escolhido por um contingente eleitoral que se habituou a pouco pão e muito circo."

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Beleza das Grandes Decisões

Diante de tantos acontecimentos (atuais mas reccorrentes, infelizmente...) - mães adotivas torturando crianças, pais abusando e engravidando filhas... -, falar e refletir sobre "o que é ser mãe" parece-me bem coerente.

Feliz Dia das Mães àqueles que sabem a grandeza desta escolha, e a fazem todos os dias, com orgulho e dedicação!

Parabéns!