segunda-feira, 31 de agosto de 2009

AGRADECIMENTO


Surpresa enorme quando cheguei por aqui e encontrei um recadinho do Newton, do "Blog do KG" - http://sentidohumanitario.blogspot.com/ - e vi meu nome e o desse blog na lista dos presenteados com o selinho acima!!!
Uma alegria enorme!!! Meu primeiro presente virtual! =)
Quero aproveitar para agradecer ao Newton pelo carinho. Sou leitora assídua do seu blog e conheço a beleza das suas palavras e seu constante olhar humano... melhor! humanitário!, sobre o mundo e seus problemas.
Como ele, penso que são nossas ações que podem modificar o mundo, aos poucos e lentamente. Juntos, construiremos um lugar melhor para todos nós.
Esse post é só para te agradecer, Newton, pela lembrança e grata surpresa!
Parece-me que devo, então, indicar este selo a mais dez blogs!
Sendo assim, indico, com muita felicidade, os queridos:


(este último, um blog lindo, ensinado-me por Patrícia, amiga querida que está na segunda posição dessa lista - que não segue ordem de "preferências", hein?! =)

Um abraço grande a todos!!!
E divitam-se com esses blogs, acima, maravilhosos!!!

Natalie S. Dowsley

sábado, 15 de agosto de 2009

O poder dos PRATINHOS


Existem pessoas muito especiais, que conseguem transformar idéias, sentimentos e palavras perdidas na nossa cabeça, em acontecimentos lindos, cheios de sentido e profundidade.
Quando esses eventos chegam em mim, sinto-me honrada em poder compartilhar.
Espero que esse texto, em especial, seja lido por muita gente!

Para contextualizar...
A autora, Ana Lúcia, atua na área de Recursos Humanos. Possui, portanto, grande contato com pessoas, e convive com a angústia de muitos que estão "disponíveis no mercado", desempregados. Ela sabe que, infelizmente, nós, profissionais de R.H., não podemos empregar todos os que estão em busca de trabalho.
Mas Aninha sabe, também, que é função primeira de qualquer profissional que assuma tal departamento oferecer um feedback aos candidatos que entrevistamos, aplicamos testes, provas, dinâmicas... e enchemos de esperança!
Esse retorno ao candidato é OBRIGAÇÃO dos selecionadores. E mesmo que não fosse: trata-se de algo maior, mais importante do que a "obrigação": trata-se de HUMANIDADE!
Muitos profissionais, no entanto, parecem estar perdendo tal característica, seja pelo corre-corre, pelas exigências da empresa que representam... ou porque esqueceram da tal EMPATIA, que falamos há pouco nesse blog...
A ausência de feedback é geral, não se restringe apenas ao retorno aos candidatos... As pessoas parecem não estar mais investindo na COMUNICAÇÃO... seja no trabalho, nas famílias, nas escolas, com os filhos, maridos, amigos, vizinhos...
Precisamos recuperar o respeito e o carinho com o próximo. Nosso mundo está pedindo por isso!

Com a devida autorização, espalho as palavras lindas dessa profissional excepcional:

"Bom dia, pessoal,

de volta de uma peregrinação paulistana que foi uma verdadeira acontecência, me peguei pensando em pratinhos e feedbacks. Explico.
Quando eu era menina, havia na vizinhança um saudável hábito.Sempre que se fazia alguma delícia mais extraordinária, um doce de abóbora, uma cocada, um bolo , levava-se um pedaço ao vizinho. A gostosura ia acomodada em um pratinho, em geral pertencente à melhor louça da casa , coberto com um daqueles guardanapos remanescentes do enxoval, com bordados e rendinhas.
O mais tocante era que o vizinho obsequiado, na primeira oportunidade, devolvia o pratinho recheado de suas próprias gostosuras: bolinhos, manjar, pastel, o que fosse. Sempre o melhor. O troca –troca de pratinhos se mantinha confiável por anos a fio. Cada vizinho empenhado em oferecer o melhor de si ao outro.
Este hábito, somado a outros, garantia a boa vizinhança, auxiliava na construção de relacionamentos longos e confiáveis.
O mundo mudou , os pratinhos se foram e com eles se foi, ao que parece, a disposição da melhor resposta a quem nos obsequia seja com gostosuras, seja com informação, serviços, ideias.
A ausência de feedback tão encontradiça em nosso meio se parece muitíssimo com a ausência da devolução do pratinho.
Vejamos: uma pessoa lança entre nós pedidos de indicação, de informação, de proposta de trabalho. A gente responde, investe tempo, queima a mufa, e depois...silêncio sepulcral. A gente insiste, culpa a net, acha que a mensagem não chegou e nada. O pratinho não volta. Isto dá um enorme vazio na vizinhança. Que falta faz!
Eu cá anseio pela volta da cortesia, dos pratinhos e da prática de oferecer respostas mesmo que desanimadoras àqueles que nos ofertam seu melhor.
Bem, a frase do dia, quem sabe, ajude , sensibilize.
A propósito, gostaria imensamente de saber o que vocês pensam a respeito.

“ A cortesia é a linguagem dos anjos.“
( Baden Powell)

Ana Lúcia de Mattos Santa Isabel
http://www.orioncomunicacao.com.br/ "

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

LoUcuRa


"A vida se vingava de mim, e a vingança consistia apenas em voltar, nada mais. Todo caso de loucura é que alguma coisa voltou. Os possessos, eles não são possuídos pelo que vem, mas pelo que volta. Às vezes a vida volta. Se em mim tudo se quebrava à passagem da força, não é porque a função desta era de quebrar: ela só precisava enfim passar pois já se tornara caudalosa demais para poder se conter ou contornar - ao passar ela cobria tudo. E depois, como após um dilúvio, sobrenadavam um armário, uma pessoa, uma janela solta, três maletas. E isso me parecia o inferno, essa destruição de camadas e camadas arqueológicas humanas."
(Clarice Lispector, "A paixão segundo G.H., 1998: p.70).


Não existe mais um critério completo ou completamente aceito sobre "loucura". Esta é uma daquelas palavras - como "guerra", "amor" e "saudade" - que não se consegue explicar inteiramente: sempre resta um pedacinho de palavra mal-explicado, incompreendido.
Assim é a loucura. Um mistério óbvio, maior do que o mordono homicida nos livros de suspense.
Todos sabem, ao menos em parte, o que é a loucura, mesmo que apenas uns poucos queiram realmente sabê-la, conhecê-la...
A barreira que separa os "sãos" da palavra loucura é, com certeza, bem mais forte do que a que separa as pessoas da loucura em si. Porque, para "enlouquecer", assim como para morrer, "basta estar vivo", como já diz a sabedoria popular.

A loucura é o que disse Clarice: a volta de coisas grandes, que se tornaram densas demais, com o passar do tempo, e que já não conseguem mais ficar estancadas: precisam sangrar.
E quem não tem, na vida, experiências e lembranças e sentimentos que, se pudesse, preferiria não ter? Coisas pesadas, que enchem o peito de escuridão quando vêm à tona...
Quando saudáveis, conseguimos colocar esses nossos pesos em sacolas grandes e resistentes - ao menos pensamos que elas são assim! - e as guardamos em armários, em um dos muitos que vivem em nós. Escolhemos os armários mais distantes e escuros para abrigar essas malas, pois não pretendemos voltar com freqüência a este local. Claro que, de vez em quando, ao longo da vida, uma coisa ou outra escapa dessas sacolas, desses armários, e nos visitam de surpresa, fazendo tremer as mãos e chorar a alma.

Mas a loucura é o mar revolto.
É quando todas as sacolas e armários indesejados resolvem se rebelar: fazem um grande motim, arrancam as algemas, destrancam as portas. E, de repente, voa tudo em cima de alguém. O caos domina.
Na loucura, o sofrimento é imenso, obviamente, já que todo o peso de uma vida despenca, com violência, sobre uma pessoa. Os traumas desse acontecimento são inevitáveis: ossos quebrados, fraturas expostas, medo do mundo inteiro, sentimento de incompreensão...
Por isso que o tratamento é difícil: são muitas feridas a cicatrizar.
Os remédios ajudam, as terapias ajudam, os amigos ajudam, a família ajuda: tudo pode ajudar, desde que realmente a intenção seja a de ajudar. Porque não é fácil, também, para os outros, os "de fora", conseguirem ajudar. Porque a loucura faz parte daqueles temas proibidos, assuntos-tabu, que a gente tem a sensação/ilusão de que, quanto menos falar/pensar, melhor, pois ficam mais longe de nós.
Por isso que não falamos com nossas crianças sobre a morte, a loucura, abusos sexuais, solidão... E por isso crescemos achando que essas são coisas muuuito distantes de nós!
E muitas vezes, por achar que o mundo pode ser feito só de alegrias, buscamos a "felicidade" como se fosse um item de supermercado: com pressa e avidez, ansiedade e desespero! Que tristeza essa imagem! Não fomos/somos educados para a vida. E faz parte da vida, de todas as vidas, momentos de diversos sabores e tons. Nenhuma vida é novela: todos os dias teremos momentos tristes e felizes, sãos e loucos... em intensidades que variam, claro, de pessoa para pessoa, de época para época de cada vida. Mas, assim como a morte, assim como a felicidade, a loucura e a sanidade estão sempre à espreita, nos acompanhando. Uma pode se sobressair mais do que a outra. Mas todas as possibilidades estão vivas em nós, até o último suspiro.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

VOCÊ ESTÁ DESPEDIDO!!!

EMPATIA.
Capacidade de colocar-se no lugar do outro, buscando compreender seus sentimentos, pensamentos, comportamentos.

Em um artigo interessante, Eugenio C. Mussak afirma: "Os livros nos informam que empatia é uma condição psicológica que permite a uma pessoa sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstância experimentada por outra pessoa. E é isso mesmo. Ver o mundo com os olhos de nosso interlocutor."

A empatia é um elemento interessantíssimo, que faria enorme diferença caso fosse mais utilizado, bem empregado... O mundo seria, sem dúvidas, mais ameno, menos denso... mais colorido e suave.

Vejamos o que Stephen Kanitz nos fala a respeito da importância de nos colocarmos no lugar do outro:

"Você é diretor de uma indústria de geladeiras. O mercado vai de vento em popa e a diretoria decidiu duplicar o tamanho da fábrica. No meio da construção, os economistas americanos prevêem uma recessão, com grande alarde na imprensa. A diretoria da empresa, já com um fluxo de caixa apertado, decide, pelo sim, pelo não, economizar 20 milhões de dólares.
Sua missão é determinar onde e como realizar esse corte nas despesas.
Esse é o resumo de um dos muitos estudos de caso que tive para resolver no mestrado de administração, que me marcou e merece ser relatado o professor chamou um colega ao lado para começar a discussão. O primeiro tem sempre a obrigação de trazer à tona as questões mais relevantes, apontar as variáveis críticas, separar o joio do trigo e apresentar um início de solução. "Antes de mais nada, eu mandaria embora 620 funcionários não essenciais, economizando 12 200 000 dólares. Postergaria, por seis meses os gastos com propaganda, porque nossa marca é muito forte. Cancelaria nossos programas de treinamento por um ano, já que estaremos em compasso de espera. Finalmente, cortaria 95% de nossos projetos sociais, afinal nossa sobrevivência vem em primeiro lugar". É exatamente isso que as empresas brasileiras estão fazendo neste momento, muitas até premiadas por sua "responsabilidade social". Terminada a exposição, o professor se dirigiu ao meu colega e disse: -Levante-se e saia da sala.
-Desculpe, professor, eu não entendi - disse John, meio aflito.
-Eu disse para sair desta sala e nunca mais voltar. Eu disse: PARA FORA! Nunca mais ponha os pés aqui em Harvard.
Ficamos todos boquiabertos e com os cabelos em pé. Nem um suspiro. Meu colega começou a soluçar e, cabisbaixo, se preparou para deixar a sala. O silêncio era sepulcral.
Quando estava prestes a sair, o professor fez seu último comentário:
- Agora vocês sabem o que é ser despedido. Ser despedido sem mostrar nenhuma deficiência ou incompetência, mas simplesmente porque um bando de prima-donas em Washington meteu medo em todo mundo. Nunca mais na vida despeçam funcionários como primeira opção. Despedir gente é sempre a última alternativa.
Aquela aula foi uma lição e tanto. É fácil despedir 620 funcionários como se fossem simples linhas de uma planilha eletrônica, sem ter de olhar cara a cara para as pessoas demitidas. É fácil sair nos jornais prevendo o fim da economia ou aumentar as taxas de juros para 25% quando não é você quem tem de despedir milhares de funcionários nem pagar pelas conseqüências. Economistas, pelo jeito, nunca chegam a estudar casos como esse nos cursos de política monetária. Se você decidiu reduzir seus gastos familiares "só para se garantir", também estará despedindo pessoas e gerando uma recessão. Se todas as empresas e famílias cortarem seus gastos a cada previsão de crise, criaremos crises de fato, com mais desemprego e mais recessão. A solução para crises é reservas e poupança, poupança previamente acumulada. O correto é poupar e fazer reservas públicas e privadas, nos anos de vacas gordas para não ter de despedir pessoas nem reduzir gastos nos anos de vacas magras, conselho milenar. Poupar e fazer caixa no meio da crise é dar um tiro no pé.
Demitir funcionários contratados a dedo, talentos do presente e do futuro, é suicídio. Se todos constituíssem reservas, inclusive o governo, ninguém precisaria ficar apavorado, e manteríamos o padrão de vida, sem cortar despesas. Se a crise for maior que as reservas, aí não terá jeito, a não ser apertar o cinto, sem esquecer aquela memorável lição: na hora de reduzir custos, os seres humanos vêm em último lugar."

Stephen Kanitz
Artigo publicado na Revista Veja, edição 1726, ano 34, nº45, 14 de novembro de 2001.